Here be dragons

Liberais não pensam

Ensinando argumentos contra liberais de internet :)

Quando um cara ta quieto no canto dele, ai ele acende um baseado sem incomodar ninguem e um policial vem e desce o cacete no cara inocente para impor a vontade de outra pessoa que nao gosta de maconha.

Concordo plenamente.

Ou quando eu vou vender minhas coisas e a policia vem e rouba minha mercadoria porque eu nao cumpri com a vontade do politico que queria que eu desse dinheiro pra ele antes de sair vendendo coisas por ai.

Depende da mercadoria. Alimentos, remédios etc devem passar por inspeção/regulamentação sob pena para a saúde pública (mais gastos estatais com pessoas que por ventura venham a passar mal por conta desse alimento/remédio estragado ou fora de padrões de consumo; além do possível efeito que isso possa causar em terceiros caso esses mesmos alimentos/remédios sejam usados de outra maneira).

Ou quando o pai quer educar o filho da forma que acha mais conveniente mas um grupo de pessoas obriga o pai a educar a criança como elas querem, e se o pai não aceitar vão sequestrar ele e jogar ele em uma cela.

Depende. O que seria educar? Sobe esse seu ponto um pai pode manter relações sexuais com a sua filha/filho de 9 anos e dizer que isso é "educar" para ele. Existem casos e casos, generalizar pela régua torta do "libertário" raramente é o caminho certo.

Ou quando voce quer aproveitar a vida aos 18 anos mas um grupo de pessoas te obriga a entrar no exército e ir lutar nas guerras deles.

Concordo. Exército devem ser pra quem quer. Mas convenhamos que hoje em dia dificilmente uma pessoa vai para o exército se não quiser, o excesso de contingente é muito grande.

Quando voce mora em um lugar perigoso e queria comprar uma arma pra se proteger mas um grupo armado vem e te impede a força de comprar essa arma.

É um processo complicado. A sua arma pode ser responsável pela morte ou, por exemplo, invalidez de terceiros que não tenham relação com o crime. Isso é mais gasto pro Estado (aposentadoria por invalidez, atendimento médico no SUS/SAMU etc). Tenho tendência a concordar que se uma pessoa quer ter uma arma ela tem o direito de tê-la, mas, ainda assim não é tão simples como você dá a entender.

Ou quando voce ta passando fome e tudo na sua vida ta dando errado mas pessoas armadas te forçam a pagar pela janta de lagosta com Haagen Dazs de uns caras que voce nem conhece que moram la em Brasilia.

Nunca veio uma pessoa armada me forçar a pagar uma janta pra algum político, de onde saiu isso? O problema que você aponta, porém, é sistêmico e a resolução é bastante complexa. Novamente, o problema aqui é pegar um problema real e propôr uma solução rasa e pouco eficaz.

Quando voce nao tem dinheiro nem pra comprar uma aspirina mas tem que bancar o curso de medicina do filho de um milionário.

Esse problema é bastante ligado a distribuição de renda do Brasil e a sociedade estratificada que se formou nos nosso +500 anos de história. A formação do corpo social brasileiro tem problemas sérios de classes sociais e privilégios que servem apenas para acentuar essa desigualdade. Universidades federais/públicas deveriam ter recorte de renda (10% de vagas para quem ganha +20SM seria um bom inicio de discussão) para evitar que pessoas milionárias se beneficiem ainda mais do status quo do dinheiro delas e mantenham seus privilégios eternamente.

Quando voce queria um onibus decente pra ir trabalhar mas um grupo armado mantem um monopolio de serviços de transporte na regiao e impede que novos concorrentes entrem no mercado.

Também é complexa essa questão.

Em Porto Alegre tivemos uma greve em 2014 (ou 2015) onde o transporte pirata acabou sendo a solução de muitas pessoas. Teoricamente o livre-mercado ocorreu durantes mais de duas semanas na cidade porque a EPTC ignorou esse transporte e permitiu que vans escolares e pessoas acabassem transportando passageiros (isso na prática, na teoria eles fiscalizavam). O que ocorreu foi o que mutia gente previu: locais de periferia foram quase ignorados (onde eu moro que tinha que caminhar 1km pra pegar uma van, sendo que no modelo atual eu caminho uns 100 m) enquanto que locais mais ricos estavam bem servido e com as tarifas caindo vertiginosamente. O modelo de concessão ainda é o melhor do ponto de vista do acesso (ele tem um sistema de compensação para que empresas operem linhas mais perigosas e menos rentáveis) ao transporte público por todas as camadas sociais.

Ele é ruim, tem uma máfia que o controla e precisa ser modificado e revisto urgentemente, mas, liberar completamente a atuação de qualquer ente, sem controla, provavelmente iria criar mais distorções sociais/econômicas nas cidades (com pessoas que moram em bairros afastados de periferia tendo problemas para conseguir empregos, por exemplo) deixando a cargos de soluões como Uber ou Cabify o transporte nesses pontos.

Abs.